quarta-feira, outubro 22, 2003
entao. no bar, vem um vento da janela. obviamente um vento so poderia vir da janela. no bar, eh quente e musicas nao cooperam. voce esta soh com uma cerveja da pior qualidade, porque voce soh tem tres reais, e pretende tomar umas duas que eh pra começar a anestesiar a cabecinha. no bar, da porta da pra ver a avenida antonio carlos, e do outro lado os portoes da universidade. da UNIVERSIDADE. voce mastiga sua cerveja, mastiga, que seus dentes estao todos asperos e saindo do lugar, como quando voce sonha que acerta a arcada inferior empurrando pra esquerda, mas voce mastiga sua cerveja e ja sao sete horas e depois sao oito e voce mastiga sua cerveja enquanto sua, sua muito, sozinha no bar sujo cheio de homens horrorosos e machos, muito machos, e estudantes da UNIVERSIDADE tomando cervejas da pior qualidade para depois narrarem o grande epico da ida ao bar e da cerveja da pior qualidade, entremeados pela discussao de icones intelecto-pops. que voce nao sabe o nome. porque voce parou. porque voce pulou e caiu de joelhos direto daquela praia, daquele banco de areia e daquele boquete quando depois de 10 dias de sol, sal e maconha voce decidiu cair fora e tentar por outros meios. tem dois anos isso. voce mastiga sua cerveja, eh o ultimo copo e o cigarro te faz querer vomitar, e os estudantes gritam alto e gesticulam e os homens horrorosos te olham e gritam mudos: meter! talvez nao porque voce esta usando oculos grandes e blusa larga. mas eles olham com olhos injetados e quando vao ao banheiro passam do seu lado e ostensivamente ajeitam o saco, coçam, acariciam o pau sujo dentro da calça suja e o cigarro te faz querer vomitar e o boquete da praia te rendeu. bem. esqueçamos.
eh o ultimo copo. o cigarro. o pau dos caras. os gritos. a avenida eh larga e esta vazia e o onibus nao passa. voce esta sozinha, azul e num desalento de passarinho. voce encosta na parede imunda da lanchonete imunda do lado do ponto. voce fuma e o cigarro. te da nauseas. voce vai pra casa e eh melhor nem comentar sobre isso.
entao. o vento que veio da janela foi definitivamente a melhor coisa do dia.
eh o ultimo copo. o cigarro. o pau dos caras. os gritos. a avenida eh larga e esta vazia e o onibus nao passa. voce esta sozinha, azul e num desalento de passarinho. voce encosta na parede imunda da lanchonete imunda do lado do ponto. voce fuma e o cigarro. te da nauseas. voce vai pra casa e eh melhor nem comentar sobre isso.
entao. o vento que veio da janela foi definitivamente a melhor coisa do dia.