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domingo, dezembro 21, 2003

CONFISSÃO DA RAPARIGA TALVEZ MORALISTA _ talvez fosse de outro jeito, você era bonito, mas eu me abstinha, me abstinha de todos os choros, todas as birras ou ares melancólicos e idas ao banheiro espaçadas de pequenos gestos sem intenção. Cada vez mais você me empurrando para a perede. E a baforada de cigarro. E os meus inevitáveis olhos de quem não fuma e olha para a pessoa que fuma - que sempre parece um pouco ridícula e um pouco sensata demais a ponto de admitir as fraquezas concretamente. Você fumando, cada vez mais perto, e eu olhando, te entendendo muito bem, sem porém me fazer. Cigarro, após cigarro, após cigarro. Algo estranho acontecia comigo, que ao invés de tentar (afinal estou encalhada), discorria dentro de mim cada vez mais questionamentos sobre a sua possível relação com o tabaco, quando e porque começou, onde. E sem perceber me esqueci total, não escutava mais. E fui incrivelmente recuperando meu remoto feminismo. Sou mulher que não fuma, me gabei. fiquei com tanta piedade do dito cujo, esse pretenso símbolo fálico, você, implícito, acrediando nele como objeto de poder e sedução. É lógico: você não admite fraqueza nenhuma, você é homem. Vocês homens têm o mundo, com suas indústrias, com suas estratégias de marketing, revistas playboy, história da arte, com suas fantasias sexuais aceitas por mulheres passivas.


Ah, como gostei de tomar a pontinha e apagá-la na sua testa, TE DEIXAR LÁ OLHANDO A PAREDE VAZIA.

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