quinta-feira, janeiro 01, 2004
o meu pescoço dói. parece que tem uma aura de torcicolo em volta de mim e é horrível e sufocante. eu me sento para ler eu me sento ao computador e em um segundo não aguento mais. é só um segundo e eu não aguento mais. não aguento o próximo pensamento. não aguento a próxima frase. a próxima camada de ar que enche um pedacinho do pulmão. você, e eu não aguento você. vai simples assim. Entretanto além dessa dor esquisita que mais se assemelha a castigo espiritual eu encontro uma ternura natural que não se diferencia das coisas do mundo. bem natural, pois há muito não sinto quase nada porque sou amargo e me engano o tempo todo. é engraçado como os sentimentos nos ultrapassam. é bom. Assim: eu agora neste segundo não te suporto mais, e também te abraço com meu coração acolchoado. e tudo acontecendo sem nenhuma palavra. porque afinal pescoço e coração não falam mesmo. Não sei porque as pessoas acreditam tanto que são alguém. essa coisa de identidade é tão involuntária e depende tanto daquilo que ultrapassa.