segunda-feira, maio 17, 2004
deus me livre de mim, ele pensou então. mas não havia como desgrudar-se. era triste.
entretanto devia sempre a si mesmo uma posição. ou uma oposição. assim: então ficava automático e alegre, que era ótimo.
buscava uma auto-crítica saudável; mas em silêncio via-se quase neurótico. talvez ele fosse só.
descobria inclusive que saudável era a puta que te pariu.
a alma humana que se encobre de gestos e palavras,
falida,
sorrindo simpática e ocasionalmente:
ninguém é saudável mesmo
a pessoa tem os seus augúrios e sozinha se despe e dói e ninguém fica sabendo e pronto.
viver era assim. e ser fático, ser fático era uma maravilha de ocasionalidade. como a roupa que vestimos e achamos tão bonito.
entretanto, convenhamos, não há como vesti-la eternamente.
tem depois. depois.
para ele sempre chegava depois:
tic, sozinho
e tac
Mas pensava muito sobre a sociedade: Penicilina, design e odontologia. até as pessoas se esquecerem do cocô que expelem, enquanto corre o sangue - na ânsia da limpeza.
- eu quero me lembrar de ser doente.
Anotou:
- é tão importante estar doente, às vezes.
então se sentiu mudo e chorou. sorriu e citou Cartola:
- de cada amor tu herdarás só um cinismo
e mais um instante e mais um instante e dois instantes que podem ser chamados de SEGUNDO - ele tornava-se amarguíssimo. Tinha ódio, como Macunaíma.
e o relógio seguia - ou voltava ? - e lembrava-se das graças de Macunaíma. Macunaíma era tão nervoso e feliz. achava graça no herói.
Olhou o homem ao seu lado. Salas de espera são tão inesperadas. O homem olhava em sua direção há muito. Era paquera.
Apesar do seu carente desejo sexual, sua própria condição, apressou-se.
- Com licença. Abra a porta por favor ?
saiu. quis chamar o moço de "meus cuidados", mas teve medo de ser mal-interpretado. certamente o seria. riu de novo então. Ele, gay, empolgadíssimo com os palavrórios de Mário de A., e o outro, gay, observando. Pois sim !
ele e o mundo, tão equivocados
foi tomar suco de laranja no bar.
por pouco não pede cerveja
entretanto devia sempre a si mesmo uma posição. ou uma oposição. assim: então ficava automático e alegre, que era ótimo.
buscava uma auto-crítica saudável; mas em silêncio via-se quase neurótico. talvez ele fosse só.
descobria inclusive que saudável era a puta que te pariu.
a alma humana que se encobre de gestos e palavras,
falida,
sorrindo simpática e ocasionalmente:
ninguém é saudável mesmo
a pessoa tem os seus augúrios e sozinha se despe e dói e ninguém fica sabendo e pronto.
viver era assim. e ser fático, ser fático era uma maravilha de ocasionalidade. como a roupa que vestimos e achamos tão bonito.
entretanto, convenhamos, não há como vesti-la eternamente.
tem depois. depois.
para ele sempre chegava depois:
tic, sozinho
e tac
Mas pensava muito sobre a sociedade: Penicilina, design e odontologia. até as pessoas se esquecerem do cocô que expelem, enquanto corre o sangue - na ânsia da limpeza.
- eu quero me lembrar de ser doente.
Anotou:
- é tão importante estar doente, às vezes.
então se sentiu mudo e chorou. sorriu e citou Cartola:
- de cada amor tu herdarás só um cinismo
e mais um instante e mais um instante e dois instantes que podem ser chamados de SEGUNDO - ele tornava-se amarguíssimo. Tinha ódio, como Macunaíma.
e o relógio seguia - ou voltava ? - e lembrava-se das graças de Macunaíma. Macunaíma era tão nervoso e feliz. achava graça no herói.
Olhou o homem ao seu lado. Salas de espera são tão inesperadas. O homem olhava em sua direção há muito. Era paquera.
Apesar do seu carente desejo sexual, sua própria condição, apressou-se.
- Com licença. Abra a porta por favor ?
saiu. quis chamar o moço de "meus cuidados", mas teve medo de ser mal-interpretado. certamente o seria. riu de novo então. Ele, gay, empolgadíssimo com os palavrórios de Mário de A., e o outro, gay, observando. Pois sim !
ele e o mundo, tão equivocados
foi tomar suco de laranja no bar.
por pouco não pede cerveja