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terça-feira, agosto 31, 2004

"...há a considerar que o prefácio caiu de moda, como rematada inutilidade que é. A leitura de um prefácio escapa ao julgamento consciencioso de um livro. Quero dizer: em nada poderá alterar o juízo do leitor, ao menos que o leitor não passe de um... leitor, caso em que sua impressão é tão inócua e tão indiferente ao autor do livro, como a de um cego o é ao autor de um quadro." Abgar Renault

(dispensa apresentações. quitelowquitehigh está de volta aqui)


domingo, agosto 29, 2004

entre nós


aonde for (que eu possa te ver)
melhor (que seja permitido poder)
experimentar
o que for (que a gente possa ter)

*para ser lido em voz altíssima, por favor*

Oh ! aquela atmosfera vem me buscar mas o Sr. Tempo não nos deu sequer um minuto para colocar as luvas de cotovelo: rápido ! sairemos nus pelos fundos ! viveremos o resto da vida ! escondidos

esconda-se no porão dos vizinhos,
de costas,
e eu,
de frente,
para então estar eu de costas para a janela com as grades que formam uma nítida sombra sobre a sua face das 3 às 6, invariavelmente, e você de frente para ela enquanto a porta estiver exatamente atrás de você, com sua parte de baixo e seus reflexos que interrompem certa luz em meus olhos, pausadamente

venha que te quero sem querer
OH SR. TEMPO !
nos tocamos com
as luvas
de texturas
NOS TOCAMOS COM

a comida, não se preocupe: pela noite saquearemos a cozinha.

o resto, é com nossos CORAÇÕES BRILHANTES (...)
mentes de veludo peles do mais caro látex línguas de morango

venha que te quero sem querer
criaremos incessantemente obras primas surgirão do nosso sexo
me aguarde me aguarde

morreremos como heróis
depois de tudo
o destino nos reserva
egípcio apodrecimento no porão

séculos mais tarde idiotas descobrem estrelas de caem de nosso santuário
e tudo bem
eles vão ganhar dinheiro
sim

[a gente sempre vai a gente PODRE a gente apodrece a gente pode e continua continua OH !]

mas isto importa. escrevi uma carta feita de matéria viva 12/11/00
e você ri.
diz que eu sou barango, mas quando abrir a boca sinta aquilo. sinta-se esquisito. VEM

OH ! SR. TEMPO !

venha que te quero sem querer
e eu vou exigir um romace anti-social.
sim, ao presente

uy uy uy






domingo, agosto 15, 2004

pego o telefone - disco pacientemente um número após o outro / (sorrio) (ah, sorrio) / disco: o seu t-e-l-e-f-o-n-e / a chamada acompanhada de silêncio (e falta) / tu _____ tu _____ tu _____ tu _____ / a barriga quase suando de frio - o que faço afinal é apaixonado, aquela expectativa louca de ouvir sua voz / de você, não quero mais que uma simples saudação telefônica / para mim basta /aí, desligo o telefone bem na sua cara /na sua cara /sua cara



quarta-feira, agosto 11, 2004

pára choque de caminhão na estrada para Diamantina:

**NÃO ME SIGA**
*ESTOU PERDIDO*

domingo, agosto 08, 2004

"A criação é a única resistência digna do presente."
Gilles Deleuze


sábado, agosto 07, 2004

E quando você descobre que na verdade não dança, na verdade gira sobre si mesma levantando poeira e ficando um pouco mais míope, e que seus movimentos são desconexos e suas frases, descoordenadas, assim como você troca os pés pelas mãos, sempre, e nunca está com os sapatos mais confortáveis e nem com a roupa adequada, e de olhos fechados a sua cabeça completa um círculo imbecil a cada quatro acordes, será que você realmente conta quatro? provável que não, aliás, como quando você tenta dançar como quem, por exemplo, está à sua frente, por deus, essas palavras não são suas, e na sua boca elas parecem de plástico, e se amontoam sobre a língua pra descer a garganta de tobogã, e você engasga, no meio da pista, errando o tempo, o movimento sujo, a blusa desabotoada e a meia escorregando pela perna, o cigarro apagado na mão molhada, inútil, assassinado, e você quase chora porque a vergonha é um bicho úmido que pede muita água. você cora ao pensar no-que-eles-vão-dizer.

Mas, que coisa, não há ninguém olhando. Você se abaixa e amarra o cadarço, e depois vai até o balcão e pede uma bebida, qualquer bebida, senta e espera. Porque te falaram.

SUGARQUEEN

(o blog dela está simplesmente fantástico. Leiam !)

segunda-feira, agosto 02, 2004

Altura: um céu azulíssimo cheio de nuvens lisas

[Fórmula: os espaços fechados de uma árvore e as flores]

Largura: o sangue no ritmo do corpo

Perímetro: os olhos fechados e o som de uma brisa

Volume: masturbação. a harpa

Multiplicação: à muda inocência do chão que austeramente é um SOLO

Resultado: sol. a neblina


"All that I desire to point out is the general principle that Life imitates Art far more than Art imitates Life"

- Oscar Wilde in The decay of living

domingo, agosto 01, 2004

Tudo é teatrinho, perco a alegria de viver, me torno inexpressivo e dotado de diabólica paciência. Calado na angústia. O que acontece agora ? O mundo é o mesmo e meu coração aperta. Relaxo, calado. Olho e desolho. Escuto. Falo por falar. Continuo, sinto. Você, ele, eu, ela e o mundo. Vão todos tomar no cu.



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